quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desabafos e Constatações



PARTE I ( Originalmente escrito dentro do avião entre Marabá-Pa / Brasília-Df )

Finalmente estou voltando para casa. Raramente me sinto assim com essa necessidade de voltar, de acabar logo com tudo.

O final de semana foi carregado. Situações que estavam chegando ao limite e tiveram um momento de explosão.

Lidar com ser humano é muito complicado. Lidar com a falsidade, com a intriga, com sentimentos ruins, isso me deixa estressada. Ter que controlar a vontade de falar aquilo que se tem vontade, isso tambem me estressa. Mas sempre chega o momento em que a bomba estoura e tudo voa pelos ares.

Existem pessoas que subestimam a nossa inteligência ou nem tanto.

Existem pessoas que ainda acreditam que podem subestimar a força que uma mulher pode ter, no seu caráter, nas suas atitudes e que não cede com medo no primeiro grito, porque o homem por se considerar uma "raça superior" ou uma "raça mais forte" ,acha que conseguirá através do grito, da fala grossa, na intimidação , nos amendrontar.

Não, eu não cedo, e me torno uma gigante e isso até me assusta em alguns momentos pois posso um dia me complicar. Não admito que joguem comigo ou que falem o que eu não fiz. Não aceito querer "crescer" em cima de mim só para mostrar ao seu "grupinho" que alí quem "manda" é ele, o "macho" do pedaço.

Situações que começam erradas, dificilmente terão um final diferente.

E este final de semana não fugiu a regra.

O resultado é que podemos tirar alguma lição de todas as situações que vivemos no dia a dia.
Pessoas gananciosas acabam prejudicando a si mesmo, no intuito de ganhar, acabam perdendo e o resultado final pode ser desastroso. E o prejuízo irreversível.

A melhor coisa é jogar limpo. Podemos até perder uma partida, mas no final, sairemos com mais pontos positivos que podem ser decisivos na hora do resultado do "campeonato".

A vida é isso, um eterno "campeonato", onde cada dia é uma nova partida e vamos somando ou diminuindo pontos que serão decisivos na nossa jornada.

PARTE II

Ando percebendo a cada show, a cada evento que eu trabalhe o quanto a mulher, para a minha enorme decepção e tristeza, perde o seu valor, se torna promiscua em troca de "estar" ou "fazer parte" de algo que ela ache o máximo, de um mundo ao qual não vão conseguir pertencer nunca.

A cada cidade vejo a promiscuidade em troca de um ingresso, em troca de poder estar no backstage de um show. E muitas poderiam conseguir estes acessos de outra forma, sem necessariamente se tornar promíscua.

Aí colocamos a culpa no homem: ah, mas eles são tão safados...ué, mas são porque existem estes tipos de mulheres que se passam por isso. Eles apenas aproveitam o que elas estão oferecendo.

Eu brinquei com os meninos que este final de semana foi uma verdadeira salada de fruta: tiveram mulheres melancias, mulheres melão, uva, pera...

Acabo me divertindo com as conversas depois. Esta é a segunda turnê que faço com uma determinada dupla sertaneja e sou a única mulher a viajar com eles. Trinta homens e euzinha no meio deles, então imagina o que eu não ouço...rs...mas o pessoal é um amor e me respeitam demais.

Nesta turnê já me senti "em casa", aí ficou mais divertido, pois já tiro onda, brinco...

Tem horas que esquecem que estou do lado e falam coisas e depois olham para mim e pedem desculpas. Só faço rir e digo para se sentirem a vontade.

Mas com toda a diversão, o fato das mulheres se comportarem desta maneira, me deixa triste em ver que continuam sendo objetos sexuais, sem deixar de ver também que de certa forma os homens se tornam joguetes nas mãos delas.

Falando por mim, às vezes até rola um clima com alguém, rolam as cantadas mas penso milhões de vezes antes de ceder e costumo não ceder, pelo fato de não querer me sentir mais uma no meio de toda essa promiscuidade, mesmo sabendo que sou diferente delas. Gosto do clima da conquista, das cantadas bem elaboradas, da paquera, isso é gostoso demais e sinceramente, isso não acontece neste meio, pelo menos ainda não vi.

Mas é por estas e outras coisas que tento me manter o mais distante possível destas "cantadas", mesmo que algumas vezes se torna difícil, afinal também não sou de ferro...rs

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Peregrinação



Estou criando este espaço para narrar algumas das minhas "aventuras" por estas estradas da vida que o meu trabalho me leva.

Trabalho com produção de shows e eventos, mas aqui não vou falar do trabalho de produção em si. Para isso já tem milhares de blogs e pessoas falando. Aqui vou brincar um pouco com o que acontece no dia a dia destas viagens.

Hoje por exemplo, estou no meio do nada ( com todo o respeito aos moradores da cidade).

Onde me encontro? Em Tucumã, no Pará.Estou aqui na produção de uma dupla sertaneja.

Vou falar sobre a minha peregrinação.

Para chegar aqui, levei "apenas" 22 horas. Acredito que ontem paguei uma parte dos meus pecados....

Saí de Recife às 6:30 da manhã. Peguei meu vôo até Brasília e de lá peguei outro vôo para Carajás. A cia aérea que opera em Carajás é a TRIP. Me senti voltando ao tempo( que na verdade nem vivi), aeronave das antigas, com aeromoças que pareciam saídas de filmes, com aqueles chapeuzinhos, sabem? Das aeromoças antigas?Pois é.. Mas para toda a antiguidade, o vôo correu bem ( melhor do que eu esperava) e não posso deixar de elogiar o serviço de bordo, deu de 10 a 0 na Gol, tinha até trufa de chocolate de sobremesa.

Chegando em Carajás, desço a serra, pego uma van e sigo para Eldorado dos Carajás, onde pegaria o ônibus para o meu destino final. Compro a minha passagem. Passo a minha identidade para o guri, espero...ouço o comentário: bonita foto ( é pq eu dei a indentidade, queria que ele dissesse isso olhando a da carteira de motorista...), ela fica perfeita no perfil do orkut ( eu não ouvi isso!!), respondo que também gosto dela ( me abstive de comentar sobre o perfil do orkut). Pego a identidade, agradeço e saio.

Tinha uma hora e meia para esperar o ônibus. Passam duas, três...Passam quatro horas, a impaciência impera. Olho para os lados e me sinto no meio do nada: reparo no rato que fica andando pelo teto da rodoviária, a casa ao lado que parecia saída de um filme de velho oeste americano ( pena que não tirei a foto ), a poeira que tomava conta a cada carro ou moto que passava, aí o guri chega perto de mim e pede desculpas, avisando que houve um problema e o ônibus iria atrasar, mas já estava chegando. Ok. Mas sem se contentar em ficar calado ele repete: falando sério, aquela sua foto ficaria muito bonita no orkut. Respondo, que a que está no meu perfil também é boa. Ainda não satisfeito,diz: ah, mas como eu faço para poder comparar? (dãann, eu não acredito que estou ouvindo isso! Tem gente que não se toca mesmo). Use a imaginação, ela é tudo o que você poderá ter ( respondo no meu melhor jeito saraiva de ser).

Enfim, às onze e meia da noite o ônibus finalmente chega e quando entro: cadê a minha poltrona? Lógico que já ocupada, imagina se respeitam isso quando vc está na segunda cidade onde o ônibus irá passar? Já ía fazer uma confusão mas se livraram porque achei uma vazia. Finalmente depois de horas infinitas, consigo me sentar, deito a proltrona ( pelo menos era confortável ) massss ( sempre tem um mas), quase fico congelada porque aquela saída do ar estava quebrada e o frio era intenso, devia estar uns 15 graus ( no máximo). Me ferrei, não levei casaco. Coloquei uma máscara no rosto, por causa da claridade e pensei: agora descanso pelo menos por 4 horas e meia.

Ahhhhhhhhh, doce ilusão...

Na outra cidade, entra uma multidão e todos vão em pé no corredor. A moça que estava ao meu lado, se compadeceu com uma menina e colocou-a no colo. Pedi perdão a Deus, me fiz de desentendida, mas desta vez eu não faria a boa ação, pois sempre sou muito educada e solícita, mas desta vez não!!! A menina sai atrás da mãe, mas um garotinho bem falante não se faz de rogado e fala que quer ficar no colo dela. E passa por cima de mim e eu fingindo que não via nada. Sendo chata mesmo...pensa que essa chatice adiantou? Que nada, o primo do outro menino, foi se chegando, me cutucou, fingi que não era comigo, mas audaciosamente ele já foi sentando no meu colo e quando a moça que estava ao meu lado desceu do ônibus, o gurizinho ficou no meio, se ajeitou, se aconchegou no meu peito ( safadinho!!) e apagou, e ficamos os três lá deitados, espremidos (se não dá para escapar da situação, o negócio é se adaptar). No final eu já estava preocupada se eles estavam aquecidos, se o casaco que os cobria não tinha saído do lugar ( na verdade doida pra pegar uma "rebarba" do casaco..rs).

Finalmente chego ao meu destino, aí ouço a avó dos gurizinho dizendo: a senhora vai descer aí? Eu já vim uma vez e só tem bêbado e mulher safada se agarrando e bebendo ( ué, isso é uma rodoviária ou um cabaré?). A esta altura da situação eu só queria mesmo um canto para me jogar e dormir, poderia descer num cabaré, numa rodoviária,num hospício, mas eu queria apenas uma cama quentinha e dormir, dormir...

Entro no táxi e por instantes me perguntava o que eu estava fazendo alí. Mas ele liga o som e chega aos meus ouvidos uma canção conhecida, era Jorge e Mateus me chamando à realidade!!