quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Peregrinação



Estou criando este espaço para narrar algumas das minhas "aventuras" por estas estradas da vida que o meu trabalho me leva.

Trabalho com produção de shows e eventos, mas aqui não vou falar do trabalho de produção em si. Para isso já tem milhares de blogs e pessoas falando. Aqui vou brincar um pouco com o que acontece no dia a dia destas viagens.

Hoje por exemplo, estou no meio do nada ( com todo o respeito aos moradores da cidade).

Onde me encontro? Em Tucumã, no Pará.Estou aqui na produção de uma dupla sertaneja.

Vou falar sobre a minha peregrinação.

Para chegar aqui, levei "apenas" 22 horas. Acredito que ontem paguei uma parte dos meus pecados....

Saí de Recife às 6:30 da manhã. Peguei meu vôo até Brasília e de lá peguei outro vôo para Carajás. A cia aérea que opera em Carajás é a TRIP. Me senti voltando ao tempo( que na verdade nem vivi), aeronave das antigas, com aeromoças que pareciam saídas de filmes, com aqueles chapeuzinhos, sabem? Das aeromoças antigas?Pois é.. Mas para toda a antiguidade, o vôo correu bem ( melhor do que eu esperava) e não posso deixar de elogiar o serviço de bordo, deu de 10 a 0 na Gol, tinha até trufa de chocolate de sobremesa.

Chegando em Carajás, desço a serra, pego uma van e sigo para Eldorado dos Carajás, onde pegaria o ônibus para o meu destino final. Compro a minha passagem. Passo a minha identidade para o guri, espero...ouço o comentário: bonita foto ( é pq eu dei a indentidade, queria que ele dissesse isso olhando a da carteira de motorista...), ela fica perfeita no perfil do orkut ( eu não ouvi isso!!), respondo que também gosto dela ( me abstive de comentar sobre o perfil do orkut). Pego a identidade, agradeço e saio.

Tinha uma hora e meia para esperar o ônibus. Passam duas, três...Passam quatro horas, a impaciência impera. Olho para os lados e me sinto no meio do nada: reparo no rato que fica andando pelo teto da rodoviária, a casa ao lado que parecia saída de um filme de velho oeste americano ( pena que não tirei a foto ), a poeira que tomava conta a cada carro ou moto que passava, aí o guri chega perto de mim e pede desculpas, avisando que houve um problema e o ônibus iria atrasar, mas já estava chegando. Ok. Mas sem se contentar em ficar calado ele repete: falando sério, aquela sua foto ficaria muito bonita no orkut. Respondo, que a que está no meu perfil também é boa. Ainda não satisfeito,diz: ah, mas como eu faço para poder comparar? (dãann, eu não acredito que estou ouvindo isso! Tem gente que não se toca mesmo). Use a imaginação, ela é tudo o que você poderá ter ( respondo no meu melhor jeito saraiva de ser).

Enfim, às onze e meia da noite o ônibus finalmente chega e quando entro: cadê a minha poltrona? Lógico que já ocupada, imagina se respeitam isso quando vc está na segunda cidade onde o ônibus irá passar? Já ía fazer uma confusão mas se livraram porque achei uma vazia. Finalmente depois de horas infinitas, consigo me sentar, deito a proltrona ( pelo menos era confortável ) massss ( sempre tem um mas), quase fico congelada porque aquela saída do ar estava quebrada e o frio era intenso, devia estar uns 15 graus ( no máximo). Me ferrei, não levei casaco. Coloquei uma máscara no rosto, por causa da claridade e pensei: agora descanso pelo menos por 4 horas e meia.

Ahhhhhhhhh, doce ilusão...

Na outra cidade, entra uma multidão e todos vão em pé no corredor. A moça que estava ao meu lado, se compadeceu com uma menina e colocou-a no colo. Pedi perdão a Deus, me fiz de desentendida, mas desta vez eu não faria a boa ação, pois sempre sou muito educada e solícita, mas desta vez não!!! A menina sai atrás da mãe, mas um garotinho bem falante não se faz de rogado e fala que quer ficar no colo dela. E passa por cima de mim e eu fingindo que não via nada. Sendo chata mesmo...pensa que essa chatice adiantou? Que nada, o primo do outro menino, foi se chegando, me cutucou, fingi que não era comigo, mas audaciosamente ele já foi sentando no meu colo e quando a moça que estava ao meu lado desceu do ônibus, o gurizinho ficou no meio, se ajeitou, se aconchegou no meu peito ( safadinho!!) e apagou, e ficamos os três lá deitados, espremidos (se não dá para escapar da situação, o negócio é se adaptar). No final eu já estava preocupada se eles estavam aquecidos, se o casaco que os cobria não tinha saído do lugar ( na verdade doida pra pegar uma "rebarba" do casaco..rs).

Finalmente chego ao meu destino, aí ouço a avó dos gurizinho dizendo: a senhora vai descer aí? Eu já vim uma vez e só tem bêbado e mulher safada se agarrando e bebendo ( ué, isso é uma rodoviária ou um cabaré?). A esta altura da situação eu só queria mesmo um canto para me jogar e dormir, poderia descer num cabaré, numa rodoviária,num hospício, mas eu queria apenas uma cama quentinha e dormir, dormir...

Entro no táxi e por instantes me perguntava o que eu estava fazendo alí. Mas ele liga o som e chega aos meus ouvidos uma canção conhecida, era Jorge e Mateus me chamando à realidade!!

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